sexta-feira, 18 de novembro de 2011

QUANDO O SOL SE PÕE



Quando o sol se põe e a noite vem
sobre as cidades
os homens enlouquecem.

Bebem sem medida,
agarram-se estranhamente
a coisas macabras
e deixam-se tatuar
para não sentirem remorsos.
Para sentirem
que têm mulheres e filhos
que não podem matar.
Para sentirem
que há barreiras e distâncias
que não podem superar.

Na noite, os homens são automáticos
como armas
e tornam-se tranquilamente
em pesadelos de si mesmos.
Deixam de ter consciência,
instintos de defesa,
reflexos,
éticas substantivas,
não levantam questões
nem atiram pedras
e, todavia, o que não os mata,
fá-los crescer.
 
Na noite, estão por sua conta
e pagam contas
a troco de algumas tretas.
Não se preocupam
com a crise
com os prazos dos impostos
com a subida do petróleo
com os créditos bancários
enfim, com as suas
e as pequenezas deste país.

Assiste-lhes, na noite,
a legitimidade
de serem nascentes do poema,
que presumo,
terão deixado lá em casa
entre lençóis.
E mesmo que sejam sós
há sempre carne enlatada
na despensa.
Por isso… Com licença,
venha mais uma cidra
para colorir as noites
desta vida!

E é disto que os media vivem
e compulsivamente falam
mal a noite deixa de ser caso.


Sem comentários:

Enviar um comentário