JÁ NADA ME DIZ O TEU CORPO
Já nada me diz o teu corpo.
O teu corpo ficou subitamente gelado.
Eu nunca te disse
que quando o tocava
me aquecia e que era bom,
muito bom.
Mas digo-te agora tranquilamente
que mesmo abraçada a mim
já não tens calor.
O teu corpo gelou.
Os sonhos acabaram.
Durmo, acordado.
Olho para o teu rosto
tocado pela suavidade de um sorriso
mas sei que já não estás aqui.
Sei que não é para mim
o tom quente da tua voz
nem para mim é o teu olhar…
A quem acaricias tu agora os cabelos
e os lábios saboreias?
Não respondas. Não preciso.
Eu sei o seu nome…
É branco, sujo, amador!
Há tanto tempo que durmo sozinho.
Já esqueci a forma doce
como pronunciavas o meu nome,
como passeavas no meu corpo, como beijavas a minha pele,
como fazias para eu não ter frio
e deixar de pensar
nos medos para o resto da vida.
Nunca tinha ouvido nada assim…
«Tu és meu!
Ninguém nos separará!» – dizias
há dois minutos.
Mas não há nada que dure
dois minutos, querida!
Pronto, não há solução!
Tenho frio, muito frio,
e ainda agora começou a noite
dos dias que declaradamente
me irão fazer perceber
que talvez tenhas sido