terça-feira, 15 de novembro de 2011

QUE SUBA O PANO!


 

                                      (Cena do Auto da Alma, de Gil Vicente, levado à cena  pela Contacto.) 

       Em cada espectáculo que faço
       está a minha alma.
       É a minha alma.

      Os actores são a minha alma gémea.
      Filhos que abraço.
      Tesouros supremos da minha vida.
      São eles e as palavras
      que ditam a hora do meu almoço
      e que marcam a ponto de luz
      o percurso das minhas noites...
      Oh!
      Que extraordinário privilégio o meu
      em poder comunicar convosco
      através deles
      palavras eminentemente reais
      que colhi no campo desbravado 
      das letras e das moradas.
      Por eles,
      estou disposto a dar a minha vida,
      mas não quero morrer por causa do teatro.
      E muito menos
      em dia de estreia.
      Sim, sim, até porque,
      na minha vida, o espectáculo
      não sou eu. 

      Que suba o pano!



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